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Painel 2 - Arquitetura e o controle de infecção hospitalar, no dia 14 de outubro. Foto: Lívia Schumacher | CAU/SC

Para debater a função da arquitetura e do espaço construído na prevenção de infecções em edifícios assistenciais de saúde, o CAU/SC e o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC  promoveram o 1º Seminário de Arquitetura e Saúde, em Florianópolis. Durante os dias 14 e 15 de outubro, arquitetos, médicos infectologistas, enfermeiros, professores e estudantes se reuniram para discutir, em palestras e workshops, as contribuições da arquitetura para a saúde. O assunto começou a ser pesquisado em maior escala somente no início da década, após relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS/ONU). O Seminário foi transmitido ao vivo na página do Facebook do CAU/SC e está disponível nos links: Painel 1  e Painel 2.

A programação foi dividida em três momentos. O primeiro deles foi o painel da manhã do dia 14, que tratava de conceitos e reflexões fundamentais sobre os edifícios assistenciais de saúde, como hospitais, postos de saúde, clínicas, entre outros. Mediada pelo professor Márcio Oliveira, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, a mesa foi composta pelos arquitetos Emerson da Silva e Elisabeth Hirth, membros da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), e pelos professores Antônio Pedro Carvalho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Eliete de Pinho, do Centro de Ensino Universitário de Brasília (UniCEUB).

Em suas intervenções, eles destacaram a importância da presença de profissionais de arquitetura na construção e manutenção dos espaços de saúde. “O gestor, que geralmente é o médico, pensa que o arquiteto é apenas o ‘desenhador’. De fato, o médico possui muitas informações sobre o espaço e o funcionamento, mas é preciso que o arquiteto tenha vivência dos espaços, para poder propor com segurança”, comenta Elisabeth Hirth, que atuou no Instituto Nacional do Câncer (INCA).

A opinião que uma gestão eficiente é um dos pontos-chave para melhorar os edifícios assistenciais de saúde foi unânime entre os participantes do painel. O professor Antônio Pedro Carvalho defende que é necessário construir menos hospitais e mais centros de saúde e de reabilitação para que a gestão seja melhor controlada. Ele ainda reforçou a importância da visão multidisciplinar e em equipe na administração.

Foto: Lívia Schumacher | CAU/SC

O painel da tarde do dia 14, segundo momento do Seminário, discutia as contribuições da arquitetura para o controle de infecções hospitalares. Através de reflexões, pesquisas acadêmicas e propostas práticas, os palestrantes compartilharam soluções executáveis para “quebrar a corrente de transmissão através do ambiente construído”, conforme o arquiteto Guilherme Coelho¹, coordenador e consultor de projetos para o Médico Sem Fronteiras (MSF) e professor convidado da Technische Universität Braunschweig, na Alemanha. Para contribuir com o debate sob o ponto de vista arquitetônico, o professor Márcio Oliveira, mediador do painel da manhã, apresentou a pesquisa “Especificação de Materiais de Revestimentos em Hospitais Universitários”, elaborada por ele com coordenação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS/ONU).

As considerações de profissionais da área da saúde também foram ouvidas. O médico infectologista Sérgio Beduschi apresentou procedimentos que diminuem o contato dos pacientes com a poeira e os resíduos de obras, em caso de reformas e construções em hospitais. A enfermeira Ida Zoz de Souza expôs o panorama brasileiro na prevenção e controle de infecções, produzido a partir de dados da Coordenação Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (CECISS).

No dia 15, terça-feira, o terceiro momento da programação foi o workshop “Introdução aos conceitos básicos sobre projetos arquitetônicos de unidades assistências a saúde”, dirigido a estudantes de arquitetura e urbanismo. Separado por módulos, a atividade pretendia inserir os participantes nas pesquisas de arquitetura e saúde, através de apresentações e estudos de caso realizadas pelos próprios inscritos.

Além da organização do CAU/SC e do PET-ARQ/UFSC, o 1º Seminário de Arquitetura e Saúde teve apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago e da organização Médicos Sem Fronteiras.

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¹Guilherme Coelho é mestre em Arquitetura pela UFRJ e doutorando do departamento de Design de Hospitais e Edifícios de Saúde na Technische Universität Berlin. Atua como professor convidado no curso de arquitetura da Technische Universität Braunschweig.  É especialista em planejamento e projeto de instalações de saúde, com ênfase na prevenção e controle de infecções. Desde 2007 trabalha como consultor e coordenador de projetos para a organização humanitária Médicos Sem fronteiras e recentemente assumiu a coordenação da área de arquitetura da empresa de consultoria EPOS Health Management.

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