CAU/SC lamenta o falecimento do arquiteto e urbanista Clóvis Ilgenfritz da Silva

Foi ele quem implantou o primeiro projeto de ATHIS em Porto Alegre na década de 1970

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Nota de pesar Clóvis Ilgenfritz da Silva

A arquitetura e o urbanismo brasileiros perderam às 23h50 deste sábado, 23 de novembro, o arquiteto Clóvis Ingelfritz da Silva, vítima de fibrose pulmonar. Ele tinha 80 anos e deixa três filhos: Letícia, Camilo e Tiago Holzmann da Silva, Presidente do CAU/RS. Clóvis foi presidente e fundador da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), entre 1983 e 1986, e do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (SAERGS), em suas primeiras três diretorias (1974 a 1983). Também foi vice-presidente do CAU/RS e conselheiro do CREA/RS. Em outubro passado,  Clóvis Ilgenfritz da Silva foi homenageado no 21º Congresso Brasileiro de Arquitetos (CBA), realizado em Porto Alegre, com o Colar de Ouro, comenda criada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) como reconhecimento máximo aos arquitetos pela sua obra e atuação profissional. Clóvis atuou ativamente na vida pública, tendo sido vereador em Porto Alegre por três vezes na década de 1990 e deputado federal. Nesta posição, teve a oportunidade de propor ao Congresso Nacional a primeira versão da Lei da ATHIS, que viria a ser aprovada posteriormente pelo Deputado Zezéu Ribeiro, em 2008.

Formado em 1965 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o arquiteto Clóvis Ingelfritz da Silva deixa um legado inestimável aos arquitetos brasileiros. Dedicou boa parte de sua trajetória profissional a trabalhos de habitação popular e planejamento urbano, dividindo-a com a atuação em entidades representativas dos arquitetos e a carreira política. Ele foi pioneiro na defesa da Assistência Técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitações de interesse social, que considerava “como um SUS da habitação”, fundamental para melhorar as moradias e atingir um segmento da população sempre desassistido. Foi um dos criadores da ATME – Assistência Técnica para Moradia Econômica, em 1976, que viria a ser o embrião da ATHIS.

Em nota, o CAU/BR fez um breve resgate da obra do arquiteto. O Presidente Luciano Guimarães declarou que “o ano de 2019 tem sido cruel para a Arquitetura Social do país. Nem bem nos recuperamos da morte de Demetre Anastassakis, em julho, agora recebemos o baque da perda de Clóvis Ingeltrifz da Silva. Sua obra expressou exemplarmente a diretriz da função social da Arquitetura formulada pelo I Congresso Brasileiro de Arquitetos realizado em 1945 e desde então sempre reforçada” .

A Presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento, ressalta que “Clóvis nos deixou um legado, a aproximação de todos ao direito a arquitetura, propósito que motivou sua trajetória como político em defesa da ATHIS, como arquiteto e professor. Cabe nesse momento de despedida uma reflexão sobre o impacto que pessoas como Clóvis traz para as nossas vidas, como inspiração de conduta e visão de mundo, como evoluímos compartilhando de sua experiência. Somos sementes de um campo fértil, potente e urgente que Clóvis ajudou a cultivar”.

Reunião com Clóvis Ilgenfritz

O Conselheiro Federal por Santa Catarina, Ricardo Fonseca, lamentou o falecimento de Clóvis. “Perde a Arquitetura um de seus soldados mais aguerridos. Perdem os arquitetos um exemplar de colega, ético e dedicado a uma causa. Perdemos Clóvis Ilgenfritz, mas ficamos com seu exemplo e legado”.

A Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Maria Inês Sugai, lembra sobre a vinda de Clóvis para Florianópolis. Ele esteve em Santa Catarina no final da década de 70, a convite da então diretoria do IAB-SC. Incentivou um grande número de arquitetos da época a auxiliar a organizar as comunidades em associações de moradores.

Em março deste ano, os membros da CATHIS-CAU/SC estiveram em Porto Alegre para trocar experiências com o Gabinete de ATHIS e a Comissão de ATHIS do CAU/RS, comissão coordenada por Clóvis. Sobre Clóvis, a Coordenadora da CATHIS-CAU/SC, Claudia Poletto coloca que “Quando as lendas se vão, fica, aos que as seguem, sua missão, sua visão, seus valores. A cada um de nós que hoje tem a ATHIS como luta ou maneira de vida, tem legado nesse homem que viveu pela garantia do direito à moradia e a diminuição das desigualdades sociais. Lutar pela efetivação da ATHIS como política pública no Brasil, deve ser nosso maior ensejo”.

O velório ocorre hoje, das 13h às 22h, no Plenário Otávio Rocha da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e a cerimônia de cremação será na segunda-feira pela manhã, das 8h às 11h, no Crematório Saint Hilaire, em Viamão, na Região Metropolitana.

 


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