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Como aprimorar o ensino de arquitetura e urbanismo em Santa Catarina? O desafio foi pauta do 2º Encontro de Coordenadores de Curso de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina, promovido pela Comissão de Ensino e Formação do CAU/SC nesta segunda-feira, 29 de julho. Durante todo o dia, docentes de 14 instituições de ensino localizadas em todas as regiões do estado (Florianópolis, Joinville, Mafra, Balneário Camboriú, Brusque, Rio do Sul, Curitibanos, Lages, Caçador, Chapecó, Tubarão e Laguna) discutiram temas como as diretrizes do ensino de Arquitetura e Urbanismo, a qualidade da prática e também trocaram experiências práticas. 

O encontro teve como tema geral “Práticas e Qualidade do Ensino em Santa Catarina” e iniciou ainda pela manhã. Divididos em grupos, os participantes refletiram sobre cinco diferentes dimensões da realidade do ensino em arquitetura: institucional, pedagógica, corpo docente, recursos materiais e suplementar. Como produto do debate, os participantes apontaram ações e estratégias para o enfrentamento das dificuldades. 

A palestra da professora Kátia Cristina Lopes de Paula abriu a programação da tarde. Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Católica de Santa Catarina (FAUCatólicaSC) e ex-coordenadora da Comissão de Ensino e Formação do CAU/SC na gestão 2015/2017, Kátia falou sobre “Os desafios da coordenação de curso de arquitetura e urbanismo nos novos tempos”.

O evento ainda contemplou a apresentação de novos projetos da CEF: o “CAU nas Escolas – professor” com candidatura para as escolas presentes; e o lançamento da 7ª edição do Prêmio para Estudantes, que em 2019 criou também categoria professor – Práticas Inovadoras de Ensino. O tema especial 2019 é “O lugar da arquitetura frente a catástrofes – arquitetura emergencial e/ou reconstrução das aglomerações humanas atingidas”, mote que tem alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU.

Com o Encontro de Coordenadores, o CAU/SC procura oportunizar espaço para que os docentes, personagens centrais do ensino em arquitetura e urbanismo, possam refletir e propor avanços para a formação profissional. “Momentos como o “Encontro de Coordenadores” se mostram extremamente positivos por se apresentar como um fórum construtivo e colaborativo para todos aqueles engajados na melhoria do ensino de Arquitetura e Urbanismo em Santa Catarina”, afirmou a coordenadora da Comissão de Ensino e Formação, Gabriela Morais.

Práticas transformadoras

Um dos momentos do 2º Encontro de Coordenadores Curso de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina foi o Seminário de Boas Práticas que oportunizou a apresentação de três experiências exitosas nas vivências de ensino presencial em escolas catarinenses. A primeira delas foi apresentada pela professora Camila Cesáreo Pereira Andrade, representante da UNIVALI: o “Ateliê de Projeto Integrado (Intro)”. Pela primeira vez ofertada na primeira fase do curso, a disciplina mescla diversas áreas do estudo em Arquitetura e Urbanismo. Os estudantes aprendem sobre dimensão humana, através da confecção de bonecos deles mesmos, sobre vida na cidade, por meio de análises de espaço urbano e de objetos arquitetônicos, e, por fim, sobre estudos e ensaios projetuais urbanísticos-arquitetônicos.

Como atividade final da disciplina, a turma foi responsável por projetar uma passarela para a rodovia SC 401, em Florianópolis, onde se localiza o campus da UNIVALI.  Segundo a professora Camila Andrade, a experiência pretendeu requalificar o próprio entorno dos alunos. Para ela, o diferencial do projeto pedagógico do ateliê é o trabalho feito do micro ao macro: “O inovador é integrar as diversas habilidades de um aspirante a arquiteto, lidando com diferentes escalas logo no início do curso”, explicou.

A segunda prática exitosa foi o projeto Deck Urbano, de 2016, promovido pela faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisul. A iniciativa surgiu da necessidade de reapropriar o espaço público promovendo a convivência na área central leste de Florianópolis. Para tanto, os estudantes e professores de Arquitetura e Urbanismo da Unisul se reuniram com os cursos de Design da Udesc e da Faculdade Energia para projetar um deck de madeira no entorno da Rua Saldanha Marinho. A intervenção urbana foi aprovada e acolhida pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF). 

Além da Unisul, da Udesc e do Energia, o Deck Urbano teve apoio do coletivo Movimento Traços Urbanos, que atua em causas de cultura urbana em Florianópolis. De acordo com os professores Fernanda Menezes e Silas Azevedo, a inovação e o êxito do projeto estão no “uso e a requalificação do espaço público através de um trabalho colaborativo, que teve ajuda de três cursos e um coletivo. Em Florianópolis, além de praças, não existem espaços públicos como este [que pretendem realizar]. ”

A última apresentação foi do professor da UNIFEBE Marcelius Oliveira de Aguiar, que expôs o Projeto Executa, já na terceira edição. Durante duas semanas, o curso noturno do centro universitário de Brusque interrompe suas atividades usuais a fim de realizar uma série de workshops, palestras e eventos que culminam no desenvolvimento de projetos arquitetônicos. Em grupos de cerca de vinte pessoas, alunos e professores são estimulados a pensar, projetar e colocar em prática o que pesquisam em sala de aula.

Na primeira edição do projeto, os alunos projetaram e executaram postes de luz para a própria universidade, já que a falta de iluminação havia sido um problema relatado em avaliações do centro universitário. Na segunda edição, uma parceria com a Secretaria de Educação de Brusque fez os alunos montarem parquinhos em escolas públicas. A mais recente versão do projeto estimulava a construção de banco-bibliotecas pela cidade.

O professor e coordenador do projeto, Marcelius Aguiar, conta que a experiência é baseada em uma similar da Universidade Internacional da Catalunha (UIC), mas que ele não conhece outras no Brasil.  Para ele, o valor do projeto está na “materialização de uma ideia. Como o nome diz, é a própria execução do que os alunos vêm aprendendo durante o curso”.

“Ao abrirmos espaço para a participação dos professores compartilharem as Boas Práticas de ensino, lançamos um olhar atento às questões práticas de como as diretrizes relacionadas à boa arquitetura são levadas aos graduandos e, de forma tão satisfatória, constatamos que estão transformando os espaços e se materializando como objetos na cidade”, afirmou a coordenadora da CEF, Gabriela Morais.

Veja aqui mais imagens do 2º Encontro de Coordenadores de Curso 


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