Mês: março 2019

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Urban Sketchers retrata as ruas de Florianópolis

Comunicação CAU/SC

Pelas ruas da cidade, um grupo de apaixonados pelo desenho carrega seus cadernos, pincéis e aquarelas para ilustrar o que lhe chama atenção. Pode ser um prédio antigo, um quadro, um poste de luz. A beleza está em qualquer lugar, e o Urban Sketchers pode provar.

Os desenhos podem ser feitos com tintas e pincéis, ou simplesmente com lápis. | Foto: Sofia Dietmann
Os desenhos podem ser feitos com tintas e pincéis, ou simplesmente com lápis. | Foto: Sofia Dietmann

O Urban Sketchers é um movimento que nasceu em 2007 em Seattle (EUA) a partir da iniciativa do jornalista e ilustrador espanhol Gabriel Campanario. Ele criou uma comunidade online para compartilhar desenhos de rua. Hoje, os grupos estão espalhados em 240 cidades pelo mundo, sendo o Brasil o terceiro país com maior número de grupos oficiais.

Osmar Yang pintando com aquarela. | Foto: Sofia Dietmann

Em Florianópolis, o grupo está organizado desde 2016 e se reúne quinzenalmente com o objetivo de registrar um novo lugar, sob uma nova perspectiva, momentânea e respeitando a expressão individual.

Cada edição, totalmente gratuita e aberta, recebe novos e velhos conhecidos. Audrey dos Santos, advogada, frequenta os encontros há poucos mais de um ano e leva sua sobrinha Valentina, de 10 anos, que também adora desenhar: “O que mais me encanta nos encontros do USK é o contato com pessoas que têm os mesmos objetivos e ideais. Conheci vários artistas e isso é muito enriquecedor. Além disso, passamos a ter um novo olhar para a cidade, tanto no que diz respeito ao patrimônio histórico, como a integração das pessoas nesses ambientes”, observa Audrey.

Ivan Jerônimo, um dos organizadores do Urban Sketchers Florianópolis, ressalta que todos são bem vindos, seja qual for a familiaridade com desenho de observação: “No começo, os participantes ficam meio receosos, mas logo percebem que o que realmente conta é a experiência de se concentrar e desenhar na rua”. Os encontros são todos organizados pelo grupo público no Facebook. Cada edição recebe um evento online, onde é possível acompanhar os preparativos de cada um, com suas canetas, pincéis ou tablets.

Os desenhos chamaram a atenção do CAU/SC, que conheceu o trabalho via mídias sociais. A ideia de refletir, através de desenhos, sobre os espaços que frequentamos, despertou uma parceria entre o CAU/SC e o Urban Sketchers, que passará a utilizar esses desenhos em algumas publicações do Conselho, como uma forma de valorizar tanto o conteúdo produzido pelos membros do grupo, quanto a arquitetura catarinense.

Por que não utilizar a tecnologia para criar belos desenhos? | Foto: Sofia Dietmann
Desenho de Jony Coelho durante em encontro do Urban Sketchers | Foto: Sofia Dietmann

Publicado no dia Categoria Palavra da Presidente

O olhar das mulheres sobre as cidades

Comunicação CAU/SC

Por Daniela Pareja Garcia Sarmento*

Neste mês de março, em que pensamos a condição das mulheres na sociedade, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina está provocando a reflexão sobre o papel das arquitetas no desenvolvimento das cidades. Para além de oferecer visibilidade à contribuição das mulheres, que representam hoje 66,08% do contingente profissional da arquitetura e urbanismo, esta perspectiva nos permite expandir o diálogo sobre o direito à cidade.

O arquiteto espanhol e professor da Escola Técnica de Ensino Superior de Barcelona Josep Maria Montaner observa que a estrutura urbana se mantém e se transforma com prioridade para atender a demanda do capital e as prioridades masculinas. Assim, a cidade é desenhada para atender o fluxo dos homens, em idade média, no auge de sua capacidade produtiva, com trabalho estável e bem remunerado que lhe permite ter carro, deixando as demandas das mulheres, jovens, idosos, crianças e deficientes físicos à margem das prioridades do investimento público. Este retrato oferece uma dimensão da potencialidade da arquitetura e do urbanismo na construção de um modelo de cidade e sua capacidade de incluir a todos.

A história das mulheres pode ser sintetizada como uma história de luta constante pelo direito à emancipação política e pelo direito à cidadania. A própria inserção da mulher no meio urbano é uma importante dimensão do avanço pela conquista por mais espaço e pela participação no fluxo produtivo da sociedade contemporânea. Se considerarmos que a perspectiva de gênero aplicada ao urbanismo é entendida a partir da experiência, alcançamos, através deste olhar, uma atuação mais próxima do usuário e conectada com ele.

É preciso destacar a participação da mulher na construção do território e a possibilidade de revisão da realidade, permitindo que se lance uma nova construção, pautada na visibilidade e protagonismo em defesa de suas demandas na cidade. Com isso, possibilitar a construção de cenários em que as mulheres possam alcançar o direito de circular com segurança, acessar todos os lugares que desejarem, dispor de equipamentos públicos que atendam às demandas oriundas das atividades com a reprodução, ter espaço para empreendedorismo e participação política. E, assim, ver diluídos os limites que determinam o vínculo da mulher com o espaço privado e ampliar sua condição de ser parte do espaço público e político da cidade.

As demandas das mulheres no planejamento urbano não implicam fazer uma cidade especializada unicamente para as mulheres, excluindo o lugar e as necessidades dos outros cidadãos, mas sim afirmar uma perspectiva que representa uma nova abordagem de inclusão, do olhar, da opinião, da percepção e da contribuição das mulheres na construção da cidade contemporânea, trazendo uma nova dimensão ao desenvolvimento da cidade e da sociedade.

Ampliar o universo da cidade é alcançar um caminho transversal para a aplicação de políticas públicas em busca de atender à diversidade e à melhoria da qualidade de vida da sociedade. Enfrentar este desafio é nossa resposta, atendendo a orientação do ODS 11 e as diretrizes da agenda urbana para 2030: o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, aos espaços públicos verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência.

*Presidente do CAU/SC
Gestão 2018/2020