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Data destaca necessidade de construir cidades mais inclusivas e equidade no campo da arquitetura, em sintonia com a Política de Gênero do CAU Brasil

Pela primeira vez, o sistema CAU Brasil celebra formalmente o Dia Nacional da Mulher Arquiteta e Urbanista neste sábado, 31 de julho. A data, definida pela 11ª Plenária Extraordinária em agosto do ano passado, homenageia um público majoritário: as mulheres são 64,34% dos 196.825 profissionais registrados no CAU. Apesar disso, nem sempre encontram as mesmas condições de acesso, exercício, permanência e ascensão no campo da arquitetura.

A escolha de 31 de julho como Dia Nacional da Mulher Arquiteta e Urbanista sucedeu à apresentação, pela Comissão Temporária de Equidade de Gênero (CTEG), do 1º Diagnóstico de “Gênero na Arquitetura e Urbanismo”. Com a inclusão no calendário oficial, o CAU Brasil procura fomentar o debate sobre as assimetrias entre mulheres e homens na arquitetura e também na sociedade. A pretexto da data, o tema ganhará repercussão por meio de uma campanha de posts nas redes sociais e conteúdos especiais produzidos pelas equipes de comunicação do CAU/BR e dos CAU/UF. A data também será lembrada durante a 114ª Plenária Ordinária do CAU Brasil nos dia 30 de julho, quando se discutirá a criação da Comissão Temporária de Raça, Equidade e Diversidade (CTRED), para dar continuidade e ampliar as ações do CAU Brasil de apoio à diversidade.

A agenda pela promoção da equidade vem sendo adotada pelo CAU Brasil em atenção às recomendações do documento ‘Policy Gender Equity in Architecture – Políticas para a Equidade de Gênero na Arquitetura’, da União Internacional dos Arquitetos (UIA). O debate também está alinhado com o 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, dedicado a “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

Desde 2018, com a criação da Comissão Temporária de Política para a Equidade de Gênero, as conselheiras e conselheiros empreendem ações para o avanço desta pauta, um esforço que se desdobrou em uma série de debates, dois Ciclos “Mulheres na Arquitetura” e no 1º Diagnóstico “Gênero na Arquitetura e Urbanismo”. A partir destes acúmulos, foi possível construir a “Política de Gênero no CAU”, expressa em deliberação aprovada pelo plenário de conselheiros em 2020.

O tema ganha destaque com o crescimento do contingente feminino na categoria. As mulheres chegam a representar 76% do universo de profissionais ativos na faixa de até 29 anos. “O que defendemos é um tratamento justo entre homens e mulheres no trabalho e nas cidades, diante da responsabilidade que nos cabe na perspectiva de um futuro feminino da Arquitetura brasileira”, afirmou a presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, em artigo publicado na Revista Projeto.

A presidente conectou a pauta de gênero com a demanda por moradia social, destacando que as mulheres também são parte expressiva entre os moradores das 25 milhões de habitações inadequadas existentes no Brasil, segundo dados da Fundação João Pinheiro. “Como a mulher, a criança e os idosos são os que mais permanecem nas residências, esse grupo representa os mais vulneráveis, reflexo cruel da histórica desigualdade social do país”, afirmou a presidente. “Para contribuir na transformação dessa dura realidade, é fundamental que todos(as) os(as) arquitetos(as) participem mais efetivamente da construção das políticas públicas visando tornar nossas cidades mais democráticas, inclusivas e sustentáveis para todos e todas”, completou.

Conheça a Política de Gênero do CAU Brasil

A partir de uma visão ampla sobre a inserção das mulheres na arquitetura e nas cidades, a Política de Gênero do CAU Brasil defende a geração de equidade sob seis diferentes eixos estratégicos: cotidiano, história, formação, prática, política e no contexto da própria autarquia.

70% do contingente das pessoas abaixo da linha de pobreza no Brasil são mulheres pretas ou pardas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE -2019). Diante deste cenário, no eixo de equidade política, o CAU Brasil se coloca como agente em defesa de cidades estruturadas para atender às demandas das mulheres. O eixo prevê a articulação de ações junto ao poder público para a universalização e territorialização da oferta de serviços essenciais (creches, hospitais, atendimento público, etc.), a implementação de planos de mobilidade inclusivos e sustentáveis, e a garantia da segurança de posse para as mulheres. Ainda sob esta dimensão, o CAU Brasil se compromete a fortalecer a liderança feminina dentro do contexto da categoria e a estimular os CAU/UF à adesão da plataforma.

No eixo cotidiano, a Política de Gênero do CAU Brasil defende cidades eficientes e pensadas para todos e todas, com especial atenção às necessidades das mulheres. Faz parte deste eixo o enfrentamento à violência o reconhecimento dos direitos das cidadãs ao uso da cidade e das suas casas com segurança.

A abordagem das temáticas de gênero, com atenção especial para o fortalecimento das alunas negras, mães, LGBT, periféricas e com deficiência, fazem parte dos esforços pela equidade na formação de futuras/os profissionais.

No mercado de trabalho que privilegia os homens, são frequentes os relatos de arquitetas preteridas em função da sua condição de mulher. Por isso, o CAU Brasil defende reflexões sobre os estereótipos de gênero na prática da arquitetura. Considera ainda a necessidade de estudar alternativas para que a maternidade não seja impedimento ou obstáculo para o exercício da profissão e ascensão na carreira.

A visibilidade da produção e do protagonismo feminino está no centro do eixo que prevê a equidade na história da Arquitetura e Urbanismo. Com ele, o CAU Brasil procura colaborar para a construção de um retrato mais fiel do cenário, com a garantia da representação étnico-racial, e recuperar a contribuição feminina em projetos arquitetônicos, frequentemente apagada em casos de coautoria de esposas e sócias de arquitetos renomados.

Conheça a íntegra da Política do CAU para a Igualdade de Gênero no hotsite

Leia também o conteúdo especial publicado na Revista Projeto: O CAU Brasil na promoção da equidade de gênero

Fonte: CAU/BR


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