Pesquisa aponta desafios para a digitalização na arquitetura e urbanismo

Resultados da Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura foram apresentados no dia 15 de agosto em Florianópolis

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As tecnologias BIM terão grande relevância para o futuro da arquitetura e urbanismo e para o trabalho dos arquitetos. É o que acreditam 75,4% dos entrevistados da Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura, divulgada no dia 15 de agosto, em Florianópolis. A consulta teve 5417 respostas validadas e foi promovida pelo BIM Fórum Brasil (BFB) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), com o patrocínio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Segundo a Coordenadora da Comissão de Política Profissional, Cristina Barreiros, fomentar o acesso dos arquitetos e urbanistas às tecnologias faz parte da meta estabelecida pelo CAU para desprecarizar a profissão. Considerando que o perfil dos profissionais da arquitetura e urbanismo é formado majoritariamente por mulheres que ganham até três salários mínimos, lembrou a conselheira, é fundamental romper com o estigma elitista que envolve a arquitetura e urbanismo. “A partir da pesquisa, podemos estudar os caminhos possíveis para que os profissionais possam aderir às tecnologias digitais”, afirmou, agradecendo a participação expressiva dos profissionais.

“Sou de uma geração que passou por várias transformações na forma de projetar: da caneta grafos para a caneta nankin, da prancheta para a tela, e agora da tela para o BIM. Neste momento, essa ferramenta está sendo excludente. Esta pesquisa oportuniza conhecer a nossa realidade profissional, entender o que temos a fazer para seguir adiante e pautar nossas ações no CAU”, afirmou o conselheiro Rogério Markiewicz na abertura do evento.

O Analista de Produtividade e Inovação na ABDI, Leonardo Santana, agradeceu a participação dos profissionais e colocou a agência à disposição para ações voltadas à transformação digital. “Estes resultados mostram que há muitas oportunidades para que possamos dar um salto na digitalização”, disse Santana.

Para o Presidente do BIM Fórum Brasil, Rodrigo Koerich, a pesquisa será uma ferramenta para o desafio de transformação necessário para prover mudanças sociais no Brasil. “A indústria da construção civil é uma das mais atrasadas. Temos grandes desafios a superar, como o déficit habitacional. Esta pesquisa não é sobre BIM, é sobre a transformação que precisamos”, afirmou.

Anfitriã do evento, a presidente do CAU/SC, Patrícia Herden, fez um breve resgate das ações do CAU pelo avanço da digitalização na arquitetura e defendeu o compromisso do Conselho com a atualização tecnológica. “É importante saber para onde vamos e, para isso, precisamos saber como estamos”, afirmou. A presidente aproveitou a ocasião para lançar o Edital de Patrocínio 02/2022 do CAU/SC que investirá R$ 100 mil na produção de uma Coletânea de Guias Práticos para Aperfeiçoamento Profissional. A chamada pública recebe projetos até o dia 6 de setembro. Saiba mais

 

SOBRE A PESQUISA

Pioneira no gênero, a Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura acolheu contribuições entre os dias 27 de maio e 19 de junho de 2022 e contou com a adesão de 5693 arquitetos e urbanistas de todo o Brasil. No total, 5417 respostas de profissionais foram validadas.

 

A apresentação dos dados ao público foi feita pela diretora da empresa TresT Consultoria (Coordenadora Técnica do projeto), Laura Lacaze. Segundo a coordenadora, a ampla participação dos arquitetos e urbanistas na pesquisa demonstra o interesse dos profissionais em se pronunciar sobre o tema.

Entre os destaques observados pela coordenadora, está o potencial que as ferramentas ainda podem oferecer nos processos de planejamento e organização do trabalho dos arquitetos e urbanistas. Laura Lacaze também apontou desafios vinculados ao conhecimento de soluções tecnológicas digitais com aplicação concreta ao setor da construção civil e a sua adoção no dia a dia das atividades dos profissionais do setor.

ALGUNS DADOS DA PESQUISA:

49,2% dos participantes da pesquisa se declararam autônomos, 37,8% atuam em empresas e 13% são funcionários públicos. A maioria (56%) se considera em estágio inicial de uso de ferramentas digitais BIM. Porém, 91,6% revelaram que interrompem a adoção destas tecnologias principalmente por falta de recursos (71,2%) .

A maior parte dos profissionais se declarou especializada em projeto arquitetônico (39,1%). Em segundo lugar, vem arquitetura de interiores (28,7%). Os projetos desenvolvidos de maneira mais recorrente pelos profissionais utilizando ferramentas BIM são os residenciais (81,7%).

91% declararam que utilizam padrões de trabalho, mas 64% não fazem uso de ferramentas e métodos de planejamento. A maioria (57%) relatou que finaliza os projetos dentro dos prazos previstos.  40,5% dizem ainda cumprir o orçamento programado, enquanto 34,1% afirma superar o orçamento inicial proposto.

Os entrevistados apontaram como benefícios elevados das ferramentas BIM na arquitetura a melhora na qualidade das entregas (68,9%), a redução de retrabalho (64,5%), de erros e omissões na documentação (64,4%) e de conflitos de coordenação durante a fase de construção (63%). Também foram apontados resultados positivos na eficiência por meio da colaboração com proprietários ou membros da equipe (53%) e na gestão de ativos (41,4%), a diminuição nos tempos para validações e aprovações (52,9%) e melhor controle de custos e previsibilidade (52,3%).

A pesquisa aferiu ainda a aderência dos profissionais aos diferentes níveis de sistemas tecnológicos. A maioria absoluta dos arquitetos e urbanistas que responderam à pesquisa (70,3%) afirma conhecer aplicações concretas de tecnologias 2.0 na construção civil. O percentual cai para 41,4% quando se refere às tecnologias 3.0 e 30,8% no caso das tecnologias avançadas 4.0, categoria que abrange ferramentas de inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem.

83,4% utilizam ferramentas digitais consideradas genéricas, enquanto 28% fazem uso de programas específicos para a construção civil.

As associações e entidades representativas da classe foram apontadas como principais fontes de informação sobre o tema. 63,1% afirmam buscar essas referências. Em seguida, estão os eventos do setor (45,1%), fornecedores de soluções tecnológicas (44,8%), entidades educativas (29,3%) e grupos temáticos ou especialistas (28,3%).

 

NAVEGUE PELA PLATAFORMA DA PESQUISA


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