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O projeto desenvolvido pela arquiteta e urbanista catarinense Alana Canto foi considerado um dos mais notáveis do Urban Confluence Silicon Valley, concurso internacional de ideias realizado este ano. O mote é a construção de um novo ícone em San José, maior cidade do Vale do Silício, nos Estados Unidos, representando a interseção de tecnologia moderna, história, arte, arquitetura, engenharia e placemaking.

O Cloud, museu de arte digital e interatividade humana armazenada proposto por Alana, foi um dos 47 projetos recomendados para submissão ao júri técnico da competição. A recomendação partiu do Painel de Competição da Comunidade, composto por 34 líderes comunitários locais, incluindo artistas, arquitetos, ambientalistas e líderes empresariais. Eles analisaram e avaliaram todas as 963 candidaturas qualificadas na competição, oriundas de 72 países, para elegerem 47 propostas de destaque. O júri, formado por arquitetos e urbanistas e arquitetos paisagistas, de atuação local, nacional e internacional,  selecionou os três finalistas da competição, anunciados em setembro. Clique aqui e conheça. O grande vencedor será revelado no primeiro trimestre de 2021.

A iniciativa é a da San José Light Tower Corporation, que liderou uma convocação aberta convidando arquitetos, paisagistas, planejadores urbanos, artistas e estudantes para apresentarem propostas para a cidade.

CRIATIVIDADE E IMPONÊNCIA

O briefing da competição destacava, como premissas, design criativo, iluminação dramática e presença física impressionante. E assim Alana Canto idealizou o Clouds: um ícone de arte, inovação e sustentabilidade. O elemento conceitual é carregado de significado. “Como instrumento tecnológico, as nuvens vêm tomando conta do mercado global. Hoje, somos todos conectados de alguma forma e a cada segundo criamos um novo dado, podendo ser acessado em qualquer lugar da Terra. Sinônimo de inovação, o Vale do Silício é um lugar mágico onde o pioneiros da tecnologia mudaram o mundo para sempre. Como uma nuvem, o projeto interpreta a função biológica e digital, e traz o efeito combinatório desses dois mundos”, argumenta a arquiteta catarinense.

Alana propôs uma edificação que armazena arte digital e interatividade humana, ao mesmo tempo que é capaz de influenciar o microclima local. “Por meio da captação de água da chuva e seu reuso, por precipitação, fazendo o resfriamento do edifício como chuva artificial escorrida pela fachada, ou evaporação mantendo a umidade do ar controlada. Assim, promove microclima agradável ao desenvolvimento do parque, estimulando a geração de energia e a purificação do ar por meio da fotossíntese das plantas”, explica. O projeto prevê a utilização de fontes de energia renováveis, por natureza, com aproveitamento de energia química e solar, e pelos usuários, utilizando o caminhar das pessoas como fonte de energia cinética. “Come up walk in the clouds!” brinca Alana.

A edificação aparece como ondas em diferentes níveis, proporcionando um efeito fluido ao volume na medida em as bordas das lajes “sobem e descem”. À noite torna-se um espetáculo urbano, uma obra de arte, com sua iluminação, transmitindo ao observador a sensação de flutuar. Para ela, o projeto representa uma nova cadeia que engloba, vida humana, vida biológica, e vida edificada. “Abrigar o imaterial, a afetividade, as relações, a imaginação, a invenção, levando a sociedade a refletir sobre a importância do abstrato em nossas vidas. Respeita a relação do meio natural, e sobressai a cidade, como um respiro de que ali existe arte, inovação e sustentabilidade”, pontua.

EXPERIÊNCIA E INCENTIVO

Alana está orgulhosa do reconhecimento recebido ao projeto. “Participar da competição de ícone urbano no Vale do Silício foi uma experiência engrandecedora. Ter a oportunidade em vivenciar o desenvolvimento de um projeto de escala monumental e de chamada para propostas de design foi extraordinário. Foi um desafio profissional e pessoal, uma importante chance de  enriquecer os esforços técnicos e criativos”, afirma a arquiteta, que mantém escritório próprio em Itajaí.

Esta foi a sua primeira participação em um concurso. Além da recomendação do projeto ao júri técnico, o Clouds foi destacado na Imprensa local, comentado pelo San José Spotlight como “seis dos projetos mais notáveis”. “Tenho fascínio em projetos de grande escala, e o efeito que podem causar visando o desenvolvimento sustentável de caráter exploratório das cidades, considerando o design, a inovação e a sociedade. Fiquei muito feliz por enviar uma proposta que me traga satisfação e reconhecimento, e agradeço muito a minha família, a Deus e as pessoas que estavam ao meu lado me incentivando a não desistir. Isso tudo é o que me estimula a buscar sonhos, é o que alimenta a minha paixão pela Arquitetura”, comemora.

 

Fonte: Revista Área