ENTREVISTA: Para o arquiteto David Bastos, levar felicidade é a missão do profissional

Profissional esteve em Florianópolis para uma palestra, a convite do CAU/SC

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Na tarde da última sexta-feira, dia 25, o CAU/SC, em parceria com a mostra Casa Cor 2016, promoveu a palestra “A importância do arquiteto no projeto de interiores”, ministrada pelo arquiteto baiano David Bastos. Em uma visita breve a Florianópolis, o profissional conhecido por aliar conforto, simplicidade e elegância relembrou sua trajetória na arquitetura e falou sobre o processo criativo de alguns dos mais de 700 projetos que tem no currículo.

“Eu comecei a entender a arquitetura como a vejo hoje depois de trabalhar no projeto de habitações populares”, admite Bastos. Formado na Universidade Federal da Bahia, em meados de 1980, ele conta que seu primeiro contato com o mercado foi ainda na faculdade, em um escritório que projetava casas para moradores da favela de Alagados, em Salvador.

“Até que um morador chegou ao escritório e me disse: ‘Quero abrir uma janela do outro lado, pode?’ e largou um facão em cima da mesa e eu vi que, naquele momento, ele podia tudo”, brinca. “Na verdade, eu entendi que ele só queria melhorar a ventilação da casa e percebi que o que todos nós procuramos, independente de classe social, é conforto e bem-estar, o resto é consequência do projeto”, explica.

O arquiteto, que tem clientes famosos como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Nizan Guanaes e Joyce Pascowitch, ainda é categórico em afirmar que é na simplicidade que o projeto se valoriza. “Algumas coisas são bonitas na composição do ambiente, porém eu olho e questiono se aquilo é realmente funcional para o dia a dia daquela casa. É útil ou vai atrapalhar o uso apenas para trazer uma aparência sofisticada? O bonito também tem que ser interessante para a casa e avaliar isso é a minha função ali”, determina.

Na avaliação do profissional, as definições de conforto se encontram subjetivas na história e emoções de cada um dos seus clientes. “Eu converso. Ouço o que ele me diz que gosta, mas principalmente o que ele não quer dizer e diz de maneira sutil. Resgato nessa conversa um pouco da vida e da história dessa pessoa. À medida que o projeto anda, forço algumas situações para fazê-lo me dizer do que não gosta e assim vou estruturando a linha do projeto”, conta.

Bastos revela ainda que, apesar de trabalhar com outros arquitetos em seu escritório, é ele mesmo quem recebe e conversa com os clientes, e brinca “eu costumo dizer que para cada elaboração de projeto seria necessário um psicólogo para o contratante e outro para o arquiteto, por que é um momento muito intenso de autoconhecimento essa relação”.

Para as referências estéticas, Bastos alia as experiências de viagens ao uso das redes sociais. “Gosto muito de viajar e ver o que está sendo feito pelo mundo. Além é claro das referências em leituras e artes que ajudam a ampliar essas referências. Mas me baseio bastante também pelas redes sociais. Gosto muito do Instagram. Tenho um pelo escritório e outro pessoal. Faço testes, compartilho coisas diferentes neles e acompanho a repercussão. Às vezes, me surpreendo com o retorno das publicações” confessa.

Questionado sobre o qual o verdadeiro papel do arquiteto para a sociedade, ele é certeiro. “Nosso papel é levar felicidade, é levar bem-estar. O arquiteto tem que ter flexibilidade, saber que o projeto não é para ele, tem que saber que o seu trabalho tem que ser bom para atender o cliente. O profissional precisa se colocar no lugar do cliente e atender as suas necessidades”, conclui.


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